No dia 20 de novembro, aPastoral Carcerária deu início às celebrações de Natal nas unidades prisionais de Londrina, pela PEL I – Penitenciária Estadual de Londrina. Foi um profundo momento de fé e espiritualidade, no qual os detentos puderam vivenciar a misericórdia de Deus por meio dosacramento da confissão. Ao todo, 37 apenados foram atendidos pelo assessor espiritual da Pastoral Carcerária, padre André Luís de Oliveira, e pelo padre Alexandre Alves dos Anjos Filho.


Na ocasião, foram celebradas duas Missas nos anexos da unidade, momentos de reflexão, comunhão e esperança, iluminados pela certeza da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.

No dia 6 de dezembro, a pastoral celebrou no Centro de Triagem de Londrina (CITL). Ali encontravam-se mais de 100 presos, em um espaço apertado, onde os apenados se aglomeraram para ouvir a Palavra de Deus. Mais uma vez, vivenciamos aquilo que o Senhor nos ensina: estar com os que mais precisam, pois amar quando parece não haver merecimento é, na verdade, quando o amor se faz mais necessário.

A experiência naquele ambiente nos remeteu às condições vividas por José e Maria, que não encontraram lugar na cidade, e Cristo nasceu em uma gruta que era utilizada como curral, um lugar sujo, feio, desprovido de recursos, onde Maria o envolve em panos e faz da manjedoura um lugar de amor e acolhida para o nosso Salvador. Assim também, nas prisões, Cristo continua a nascer.

Não há diferença essencial entre nós, que estamos fora, e aqueles que estão encarcerados. Talvez, apenas pela graça de Deus, tivemos a oportunidade de fazer escolhas diferentes. Quando nos aproximamos de Deus, todos chegamos marcados pelo pecado, fragilidades e misérias humanas e Ele, mesmo assim, nos abre os braços, nos ama, nos consola e nos chama à conversão, desafiando-nos a transpor as dificuldades do tempo e a nos tornarmos pessoas melhores.

No dia 13 de dezembro, novamente nos reunimos na Cadeia Pública Feminina, levando esperança e a alegria do nascimento do Menino Jesus. Em razão das chuvas, a Missa foi celebrada dentro da galeria, enquanto as mulheres apenadas participaram de dentro de suas celas. Muitas se emocionaram profundamente. Levamos o amor de Cristo a um dos momentos mais difíceis da vida dessas mulheres.

Encerramos as celebrações no dia 17 de dezembro, na Casa de Custódia de Londrina (CCL). Jovens se reuniram no pátio para participar, e o sacerdote conduziu um momento de espiritualidade, confissão e absolvição dos pecados, preparando os presentes para celebrar o Natal com o coração reconciliado.

Mais uma vez, estivemos com aqueles que vivem nas “manjedouras” da sociedade, os excluídos e marginalizados. Cristo nos chama, sem distinção, novamente, a olhar para nossos irmãos e irmãs encarcerados com acolhida, dignidade e compaixão.

Só é possível celebrar verdadeiramente o Natal quando compreendemos a vontade daquele que nos ama, mesmo em meio às nossas maiores misérias.

Nosso papel, enquanto pastoral, é levar a catequese de Cristo e restaurar a dignidade humana; no entanto, somos nós os maiores catequizados por cada encontro, cada olhar e cada história partilhada.

Desejamos a todos um Feliz e Santo Natal.


Valéria Recio
Agente da Pastoral Carcerária – Londrina

Fotos: Arquivo