Na Santa Missa de Quarta-feira de Cinzas na Catedral, dando início ao tempo da Quaresma, dom Geremias destacou um forte apelo de conversão em preparação para a Páscoa do Senhor deste ano: caminhar juntos na esperança
A Igreja iniciou nessa Quarta-feira de Cinzas, 5 de fevereiro, um tempo forte do Ano Litúrgico: a Quaresma. Período de preparação para a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Foram celebradas Missas em todas as paróquias da arquidiocese. Na Catedral Metropolitana a celebração das 11h foi presidida pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz e concelebrada pelo padre Joel Ribeiro Medeiros, pároco da Catedral, e pelo padre Humberto Lisboa, pároco da Paróquia Santa Rita, Decanato Leste.
Na homilia, o arcebispo discorreu sobre as três práticas indicadas pela tradição da Igreja para este tempo: a esmola, a oração e o jejum. “O objetivo dessas práticas é conduzir-nos a uma sincera conversão, isto é, a um aperfeiçoamento humano e espiritual”, destacou dom Geremias.
“Assim como o atleta procura aperfeiçoar-se sempre mais, também nós como atletas de Cristo, buscamos o aperfeiçoamento espiritual. A prática da oração, do jejum e da esmola nos leva a um sincero compromisso de crescimento conosco mesmo, com o próximo e com Deus”, afirmou.
Por ser um tempo forte de apelo à conversão, somos chamados a aprofundar o nosso relacionamento com Deus e, com relação aos bens materiais, é tempo de exercitar o desapego, praticando a partilha com os mais necessitados, explicou o arcebispo. “Temos a certeza de servir, por meio deles, ao próprio Senhor. Com essas práticas estreitamos a nossa relação com Deus e promovemos a vida.”
Dom Geremias desejou aos fiéis uma boa vivência do tempo quaresmal e uma santa preparação para a Páscoa do Senhor, atendendo ao grande apelo de São Paulo na segunda leitura: “deixai-vos reconciliar com Deus”. “Esse também é o apelo do ano jubilar que estamos vivendo, o Jubileu de Esperança, que nós sejamos caminheiros da esperança, peregrinos da esperança, e assim possamos viver a alegria da nossa fé.”
Dom Geremias recordou que a Igreja, como mãe e mestra, convida-nos a preparar os corações e abrir-nos à graça de Deus para celebrar com alegria o triunfo pascal de Cristo sobre o pecado e a morte. “Realmente Jesus Cristo morto e ressuscitado é o centro da nossa fé”.
Citando a mensagem do Papa para a Quaresma deste ano, intitulada “Caminhemos juntos na esperança”, dom Geremias destacou que Francisco faz três apelos de conversão. O primeiro é caminhar. “O lema do jubileu ‘peregrinos de esperança’ traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida… O povo de Deus caminhou no deserto durante o longo tempo, alguns daqueles que caminharam nem entraram na Terra Prometida. Mas tinham no coração a esperança em Deus.” Na Quaresma somos convidados a caminhar em direção ao Senhor.
O segundo apelo é que “façamos a viagem juntos”. “Caminhar juntos, ser sinodal. É essa a vocação da Igreja”, explicou dom Geremias. “Nós, na Igreja, não caminhamos subindo, subindo, enquanto os outros vão ficando lá longe, somos convidados a caminhar juntos, por isso somos comunidade, por isso esse tempo litúrgico, esse evangelho, essas leituras que ouvimos anualmente, que trazem sempre um sentido novo à nossa caminhada.” Segundo o arcebispo, o Espírito Santo impele cada cristão a sair ao encontro com Deus e com os irmãos “nunca a fecharmo-nos em nós mesmos, como se só nós merecêssemos a salvação”.
Além de caminhar juntos, o façamos na esperança, completou o arcebispo. “Na esperança de uma promessa. Por isso o Papa diz para este Jubileu: ‘a esperança não engana’, essa é a mensagem central do Jubileu. Que ela seja para nós o horizonte quaresmal rumo à vitória pascal.”
Citando a encíclica Spes salvi (A esperança que salva) do Papa Bento XVI, dom Geremias falou que o ser humano necessita daquela certeza de que nada o separará do amor de Deus, “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.
“A gente já é capaz de dizer isso?”, questionou dom Geremias: “Nem a vida, nem a morte, nem os principados, nada me separará da fé no Senhor Jesus Cristo? Por isso estamos aqui, para podermos dizer isso com força, com qualidade, com alegria. Assim, Jesus, nosso amor e nossa esperança, ressuscitou e vivo reina glorioso!”
“Devemos nos perguntar: ‘estou convicto de que Deus me perdoa os pecados? Ou comporto-me como se pudesse me salvar sozinho? Aspiro realmente a salvação e peço ajuda de Deus para a receber? Vivo tão concretamente a esperança no Senhor Jesus Cristo que me ajuda a ler os acontecimentos da história e me impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado com a Casa Comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás?”, questionou dom Geremias concluindo sua reflexão.
Ao final da Santa Missa houve a imposição das cinzas nos fiéis, como sinal de penitência e compromisso de conversão.
Juliana Mastelini Moyses
Arquidiocese de Londrina
Fotos: Ricardo Mota





















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