Santa Missa reuniu bispos, padres, religiosos e leigos para comemorar o ministério presbiteral de um dos primeiros padres da arquidiocese
O monsenhor Bernard Gafá, 85, comemorou seus 60 anos de ordenação presbiteral no último dia 4 de julho, em uma celebração eucarística na Paróquia Imaculada Conceição, onde exerce seu ministério sacerdotal. A Missa foi presidida pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz e concelebrada por dom Marcos José dos Santos, bispo de Cornélio Procópio (PR), dom Vicente Costa, bispo emérito de Jundiaí (SP), e padres da Arquidiocese de Londrina.
Vindo da ilha de Malta ainda como seminarista a convite do primeiro bispo, dom Geraldo Fernandes, monsenhor foi ordenado no dia 4 de julho de 1965, juntamente com outros quatro seminaristas, hoje já falecidos, e exerceu todo seu ministério em Londrina.
Em uma homilia emocionada e que levou os presentes a se emocionarem, monsenhor revelou a ansiedade dos dias que precederam a Santa Missa dos 60 anos e relembrou o dia de sua ordenação, há exatos 60 anos, junto com quatro colegas malteses. “Naquele dia 4 de julho, realizou-se o nosso sonho, que era o nosso único objetivo e que nos levou a sair da nossa terra natal”.
Era grande a sua emoção naquele dia, assim como a emoção dos pais na longínqua terra natal, Malta. Sem outro meio de comunicação disponível, conversavam por cartas. Todo domingo, sem falta, os pais escreviam. Cartas guardadas até hoje com carinho pelo monsenhor. Uma delas escrita no dia da ordenação foi lida pelo monsenhor durante sua homilia, enquanto fotos da carta foram exibidas no datashow.

“Me deu vontade de procurar a carta que meus pais escreveram no dia de minha ordenação, eu achei. Desta vez, meu pai usou uma caneta de cor vermelha, que destacava no resto do texto, para manifestar seu sentimento”, contou monsenhor.
“Ele escreveu: ‘Domingo, 4 de julho. Hoje, dia memorável, querido filho, este dia fica gravado no meu coração com letras de ouro. Hoje, depois que eu recebi a comunhão na Missa, pedi a Jesus a graça de sentir no meu coração um pouco da alegria que você está sentindo neste momento. Posso imaginar o que está passando na tua mente, teu entusiasmo por esta graça tão especial diante de Deus.”
A seguir, o trecho escrito pela mãe: “Meu filho Beny, espero que você esteja bem e contente, e mais feliz que nunca neste dia especial, nós também nos sentimos felizes e orgulhosos porque Deus nos deu um filho sacerdote. Hoje, dia 4 de julho, no dia de sua ordenação, queria ser um passarinho para voar até aí e assistir sua ordenação, nem que seja por um buraco na parede. Mas isso é impossível, só posso fazer em pensamento e intenção. Hoje às duas horas da tarde, no momento em que você estaria sendo ordenado, eu e seu pai, seus irmãos nos recolhemos em oração rezando por você, que Deus o abençoe com muitas graças. Bênção, filho. Sua mãe.”
Junto com as recordações do dia de sua ordenação, monsenhor compartilhou também reflexões e fatos de sua caminhada sacerdotal. Falou sobre os bispos com quem trabalhou, dentre eles dom Geraldo Fernandes, a quem considera como um pai, e sobre o lema presbiteral que guiou seu ministério e que ele tem vivido ao longo dos 60 anos: “Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio fumegante. Com fidelidade fará justiça; não mostrará fraqueza nem se deixará ferir, até que estabeleça a justiça sobre a terra” (Is 42,3-4).

Ao concluir sua fala, monsenhor reforçou que não é dia de cantar glória e vitória pessoal, mas de reconhecer a graça de Deus que opera nele. Como Maria, glorifica ao Senhor que olhou para a humildade de seu servo e fez maravilhas, santo é seu nome. E agradecendo a todos que fazem parte de sua vida, não citou nomes, “mas sou profundamente grato por todos e todas e sempre lembro em minhas orações”.
Em seguida dom Geremias leu um poema, de autoria do padre Pedro Batista, que ouvira no dia anterior na comemoração do aniversário de ordenação de alguns bispos durante a reunião do Conselho Permanente da CNBB em Brasília: “somos servos da esperança…”
Em nome do clero e dos fiéis, padre Luiz Laudino, pároco da Imaculada Conceição, falou algumas palavras. “Sua vida tornou-se evangelho vivido. Homem de oração firme, de palavra serena, presença marcante e coração generoso. Monsenhor Bernard não apenas exerceu o ministério sacerdotal, ele o encarnou. Suas mãos levantadas em bênçãos, suas palavras de consolo, suas homilias cheias de sabedoria e o testemunho fiel deixaram um legado que não se apaga com o tempo.”
Antes da bênção, dom Geremias agradeceu o testemunho missionário do monsenhor. Em nome dos bispos e dos padres ali presentes, falou da admiração que sentem pelo gesto de sair de sua terra e ir para longe, testemunhando a força missionária. “Nós somos gratos a Deus por ter nos dado o senhor e somos gratos ao senhor por ter nos ajudado a viver”, concluiu dom Geremias.
Em seguida, os convidados foram recepcionados em um jantar, no qual monsenhor lançou um livro autobiográfico: A graça de perseverar – de Malta ao Brasil, uma jornada de fé. O livro pode ser adquirido na secretaria da Paróquia Imaculada Conceição, telefone: (43) 3323-9710.
Juliana Mastelini Moyses
Arquidiocese de Londrina
Fotos: Angela Maria Silva, Ernani Roberto, Felipe















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