CF deste ano, em sua 60ª edição, propõe a amizade social como contraponto à mentalidade de oposição, divisão e conflito que tem marcado a sociedade brasileira e o mundo

A Igreja do Brasil dá início, nesta Quarta-feira de Cinzas, 14 de fevereiro, à Campanha da Fraternidade (CF) 2024, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema: “Vós sois todos irmãos”. Inspirada no pensamento do Papa Francisco, a CF quer despertar para o valor da fraternidade e da paz entre as pessoas, dentro da própria família, comunidade e sociedade.

Nesta manhã, a campanha foi apresentada à imprensa em uma entrevista coletiva com a presença do arcebispo dom Geremias Steinmetz, do coordenador da Ação Evangelizadora, padre Alexandre Alves Filho, além dos representantes da Pastoral Carcerária, padre André Luis de Oliveira, assessor, e Cristina Coelho, coordenadora da questão da mulher presa. Ao meio dia, dom Geremias presidiu a Santa Missa de cinzas e abertura da Campanha da Fraternidade na Catedral.

A campanha traz “uma mensagem de respeito, de amor, de compreensão”, explica dom Geremias. “O lema diz isso: ‘nós somos todos irmãos’. As divisões, que muitas vezes nos atrapalham, as polarizações, são justamente a falta de nos considerarmos irmãos”.

A CF é promovida anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre no período da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa que começa vai até a Quinta-feira Santa, 28 de março. A campanha quer ser um plano de conversão, pessoal, comunitária e social para os cristãos no tempo da Quaresma.

Neste ano o tema convida a uma reflexão pessoal, explica o coordenador da Ação Evangelizadora padre Alexandre Alves Filho. “Convida a refletir sobre nós, sobre as nossas atitudes, sobre as nossas posturas, e, mudando a nossa atitude, nós vamos mudar com os outros.”

Amizade Social

A amizade social é um conceito desenvolvido pelo Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti (2020) como caminho para se “construir pontes e não muros” entre as pessoas, grande desejo do pontífice para os cristãos e pessoas de boa vontade. ”As ações derivam duma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais. O amor ao outro por ser quem é, impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos.” (Fratelli Tutti)

Diversas pastorais e movimentos da Igreja Católica atuam na construção de uma amizade social. Um deles é a Pastoral Carcerária, que presta serviço de evangelização e promoção da dignidade humana por meio da presença da Igreja nos cárceres, junto às pessoas privadas de liberdade.

Pastoral Carcerária

A Pastoral Carcerária é uma pastoral sociotransformadora ligada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que assiste pessoas presas e suas famílias. “A Pastoral Carcerária visa trabalhar com a pessoa do preso, não sua situação. Para eliminar todo julgamento, toda intolerância, mas sim cuidar”, explica padre André Luis Oliveira, assessor da Pastoral Carcerária.

A pastoral faz visitas quinzenais à cadeira feminina, conta a coordenadora da pastoral, Cristina Coelho. “As visitamos, levamos um pouco da Palavra de Deus, mas nosso principal papel é o da escuta, ver quais são as suas necessidades, quais são suas angústias e levar um pouco a esperança”, completa.

Em parceria com a Cáritas Arquidiocesana, a pastoral desenvolve cursos de formação profissional com as detentas, neste ano serão oferecidos três cursos de culinária subsidiados com recursos da Campanha da Fraternidade do ano passado: “Fraternidade e Fome”.

Voluntários

A Pastoral Carcerária está precisando de voluntários. As pessoas que queiram ajudar podem entrar em contato pelo telefone (43)3371-3141, com a Ação Evangelizadora.

Pascom Arquidiocesana

Fotos: Terumi Sakai