Ao comemorar 50 anos de sacerdócio, padre Oswair Chiosini CMF fala da sua caminhada na Congregação dos Missionários Claretianos e do chamado especial que recebeu de Deus

 

O claretiano padre Oswair Chiosini nasceu em 1943 no município de Londrina. Município de Londrina, ele deixa bem claro, onde hoje está localizada a cidade de Sabáudia. “Só que naquele tempo Sabáudia não existia, nem Arapongas não existia, existia o distrito de Rolândia, que era município de Londrina”, conta padre Oswair, que celebrou 50 anos de sacerdócio no último dia 23 de janeiro, com uma missa na Paróquia Coração de Maria, Decanato Centro, com a presença do arcebispo dom Geremias Steinmetz.

Como missionário, padre Oswair, que é vigário da Paróquia Coração de Maria e capelão do Santuário Eucarístico Mariano Madre Leônia, sempre fala: o missionário claretiano deve ir onde outros não vão e fazer o que outros não fazem. Algo de especial nesses 50 anos? “Ah, sei lá, é o dia a dia. Aqui no Brasil, lá na Itália, qualquer lugar que eu morei e trabalhei, e em cada lugar um serviço diferente. Então o especial aqui é o serviço do dia a dia, seja como superior provincial, seja como membro do governo geral, seja na animação ou no cumprimento da missão”, conta o sacerdote.

De uma família de nove irmãos, padre Oswair morava em um sítio a três quilômetros de Sabáudia. “Lá embaixo, nas bibocas, na Água do Pau d’Alho, que é um afluente do Rio Pirapó. Até eu digo sempre: como é que Deus foi me chamar lá naquele lugar? Deus usa seus meios, Ele chama onde quer, quando quer, e quem Ele quer. Ele foi me encontrar lá embaixo, lá na Água do Pau d’Alho”, brinca.

O convite de Deus veio através de missionários claretianos que, em 1954, foram pregar as missões populares. De povoado em povoado, de cidade em cidade, as equipes missionárias percorriam vários estados: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Tocantins. “Naquela ocasião das missões, os missionários ficam ali dez, quinze dias e procuravam visitar as famílias, visitar as comunidades, visitar todo mundo. E um deles esteve lá na minha casa, lá na Água do Pau d’Alho. E aí muito amigável, muito simpático, muito acolhedor, isso me chamou atenção. Aí eu falei para a minha mãe: ‘oh mãe, eu gostaria de ser que nem eles’. A minha mãe pulou de alegria, meu pai não gostou muito, porque era uma enxada a menos na roça. Somos em nove irmãos, dois homens e sete mulheres, por isso que meu pai não gostou, só tinha um homem pra trabalhar na roça, uma enxada a menos.”

Nessa época com 10 anos de idade, levou ainda dois anos para ele ingressar no seminário dos claretianos em Rio Claro, interior de São Paulo, em 1956.  “Naquela época já existia o seminário dos palotinos ali na Rainha dos Apóstolos, ali está até hoje. E aí meu pai disse: ‘para que você vai tão longe, lá em Rio Claro, se aqui, olha bem a expressão, aqui na beira da estrada que vai para Londrina, tem um seminário. Um seminário na beira da estrada, a cidade não tinha chegado lá ainda. Por isso meu pai dizia na beira da estrada que vai para Londrina. Onde está a TV Tarobá, ali começava a cidade”, recorda.

Mas ele queria ser claretiano, Missionários Claretianos ou Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. “E até hoje graças a Deus estamos aí trabalhando na construção do Reino de Deus como missionário claretiano. Onde me enviarem, onde me mandarem, assim como os apóstolos que foram enviados por Jesus Cristo para o mundo inteiro, também a gente está com essa disponibilidade. Como missionário ser enviado a qualquer parte. Agora não, agora estou velho, eu digo sempre, único lugar de missão agora vai ser o cemitério João XXIII”, brinca.

Trajetória

Padre Oswair foi ordenado em Alto Paraná no dia 23 de janeiro de 1971 pelo primeiro bispo de Paranavaí, dom Benjamin Gomes. Era também a primeira ordenação que o antecessor de dom Geremias fazia como bispo. “Eu fui ordenado em Alto Paraná porque lá morava minha família, meus pais, meus irmãos, alguns deles, nem todos, primos, tios, então foi o lugar onde a família poderia se juntar. E alguns irmãos de congregação também estiveram presentes.”

Ordenado, continuou em Rio Claro trabalhando no seminário na administração e dando aulas aos seminaristas. Em 1973, foi enviado a Curitiba para cuidar da formação dos estudantes de Teologia, onde ficou por sete anos, como formador e ecônomo.

Em 1980 foi para Roma fazer estudos de especialização sobre Teologia da Vida Consagrada. “Diziam meus superiores: ‘vai para lá fazer esse curso, assim depois de ter trabalhado sete anos na formação, para você se preparar melhor para continuar na formação’. Mas nunca mais voltei para a formação”, conta. Em Roma, padre Oswair morava na Cúria Geral da congregação, onde está localizado o governo geral da congregação, presente em 67 países de todo mundo. Quando concluiu os estudos, depois de dois anos e meio, o superior o manteve lá. “Fui nomeado até superior da cúria geral por duas vezes”, recorda.

A comunidade do Brasil, por outro lado, o queria de volta à terra natal. “Mas quem manda é o chefão lá em cima. Então [os confrades do Brasil] procuraram uma estratégia. Tinha um capítulo provincial, que é uma espécie de assembleia provincial, que elege o superior provincial. E aí eu vim como delegado para participar do capítulo, em 1987. No capítulo provincial fui eleito superior provincial dos claretianos no Brasil, que tem a sede em São Paulo. Foi a primeira vez. Aí eu fiquei em São Paulo.”

Três anos depois, em 1990, foi reeleito superior provincial. Como provincial, foi para Roma em 1991 participar da assembleia geral, onde foi eleito membro do governo geral da congregação. “Então lá fiquei mais seis anos.”

De volta ao Brasil em 1997, passou dois anos em Rio Claro, onde atuava na formação dos seminaristas e tomava conta da TV Rio Claro, hoje chamada TV Claret. Nos finais de semana, ajudava também em uma paróquia da cidade de Ipeúna.

No ano 2000, teve a primeira e única experiência como pároco, em Campinas, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, durante seis meses. “Passados seis meses me elegeram superior provincial de novo, pela terceira vez. Depois em 2008, também fui eleito novamente superior provincial, por mais três anos, até 2011”, conta.

“Em 2011 terminei o serviço como superior provincial pela quarta vez, aí o superior geral que estava em São Paulo presidindo o capítulo disse: ‘vem, agora você está desocupado e desempregado, eu preciso de você lá na Itália. Então volto para a Itália novamente, mais cinco anos”, brinca. Em junho de 2016, padre Oswair volta ao Brasil, a Londrina, onde está até hoje, para auxiliar na Paróquia Coração de Maria e atender a capelania no Santuário Eucarístico Mariano. “Aqui estou para servir. Como estive em Roma tanto tempo para servir”, conclui.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Confira as fotos da celebração do Jubileu de Ouro do padre Oswair Chiosini CMF (Fotos: Ademar Kawanishi):